Essa Tal de Poesia

22/11/08
Vamos falar de poesia.
Mas, sobre qual delas?
Sobre a poesia diária, na qual se esbarra quando abrem se portas, olhos e ouvidos?
Aquela que vive nas cores, nos sabores e odores e que nos chega pelos sentidos físicos?
Ou, sobre aquela poesia que se cria, que se pensa?
Aquela que se concebe no ruidoso silêncio
, no digerir interno dos tais poetas?
Pouco importa qual seja, tanto faz a natureza, falemos dela.
Vamos discursar.
Nos valer da inspiração que enche de sentido e significado o cotidiano, as banalidades e barbaridades da essência humana.
Vamos abusar das tonalidades e pintar de tons berrantes o que se faz pálido.
Vamos moldar o que é volátil e etéreo.
Vamos dar forma ao que é sensação nos valendo das palavras.
Mas talvez elas não bastem, não sejam suficientes.
Por que esses seres... os tais poetas
Esses que buscam na expressão
a tradução do impalpável
Costumam ser insaciáveis.
Para esses loucos e insensatos...
Para essas almas delirantes...
Tudo se faz motivo e forma.
Tudo se faz razão e meio.
Tudo se faz maneira e via.
Tudo se faz em poesia.

Friday, January 8, 2010

Ano Novo?

Ano Novo?

31/12/09


Bate em minha porta alguém que não conheço.
No conforto do meu lado seguro,
Me reservo o direito do comodo sossego.
Então, finjo que o ignoro.
Resisto em deixar entrar algo pelo qual não espero.
Há muito calei em mim expectativas.
Faz tempo virei as costas aos planos futuros.
Danço a valsa...
A correnteza me leva.
E me angustia o ansiar...
O desejar... O antever.
Isso cabe aos sonhadores.
Àqueles que escancaram a entrada de seus esconderijos
E dão boas vindas aos andarilhos.
Bem recepcionam aos ventos novos como a velhos conhecidos,
Esperando deles as pistas corretas, as respostas, os caminhos,
O bem viver e a boa fortuna!
Posso até ouvir lá fora o vozerio chamando ao visitante.
- Venha a casa é sua!
Quanta crença no futuro!
Mas, passado o presente a limpo,
O que resta pra viver adiante?
Alguns diriam esperança.
Eu prefiro acreditar na persistência.
E lá vou eu,
Mais uma vez reinventar o já vivido.
Chamar de novo um ano que muda sua forma,
Apenas no número e não no conteúdo.
Por que se não sou eu que mudo...
Se não é meu ser que se transforma...
Tudo prossegue inerte e em suspensão,
Nada é manifesto.
Passa, se perde... dispersa.
Não tenho ilusão.
Sou eu
Quem de sua intenção, vontade e gesto.
Faz novo o velho,
Traduz em ação
O que só é promessa.

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