Essa Tal de Poesia

22/11/08
Vamos falar de poesia.
Mas, sobre qual delas?
Sobre a poesia diária, na qual se esbarra quando abrem se portas, olhos e ouvidos?
Aquela que vive nas cores, nos sabores e odores e que nos chega pelos sentidos físicos?
Ou, sobre aquela poesia que se cria, que se pensa?
Aquela que se concebe no ruidoso silêncio
, no digerir interno dos tais poetas?
Pouco importa qual seja, tanto faz a natureza, falemos dela.
Vamos discursar.
Nos valer da inspiração que enche de sentido e significado o cotidiano, as banalidades e barbaridades da essência humana.
Vamos abusar das tonalidades e pintar de tons berrantes o que se faz pálido.
Vamos moldar o que é volátil e etéreo.
Vamos dar forma ao que é sensação nos valendo das palavras.
Mas talvez elas não bastem, não sejam suficientes.
Por que esses seres... os tais poetas
Esses que buscam na expressão
a tradução do impalpável
Costumam ser insaciáveis.
Para esses loucos e insensatos...
Para essas almas delirantes...
Tudo se faz motivo e forma.
Tudo se faz razão e meio.
Tudo se faz maneira e via.
Tudo se faz em poesia.

Sunday, December 26, 2010

Resolvi que...

Resolvi que...
27/12/2010
Não sei o que me deu,
O que foi que ouvi,
Nem a cena que assisti.
Talvez tenha lembrado de algo
Ou me sopraram no rosto
O hálito fresco de esperança
Que sempre acompanha um Ano Novo.
Só sei que me deixei invadir.
Larguei a mão das defesas
E resolvi que hoje vou abrir a janela.
Escancarar um sorriso.
Alargar os limites
Sem temores de abraços,
Sem pudores de beijos,
Sem receios de amar.
Preciso confiar.
Acreditar que os dias são todos azuis,
Que só há campos fartos e verdes,
Que as almas se guardam puras.
Resgatar na infância, a inocência
A pureza na descoberta
A certeza no encontro.
Voltar a ter olhos que brilham
Por que enxergam
Apenas o que é luz.
Virar a página
E me deparar com o novo.
Abrir os braços
Para o presente
Que o futuro me entrega.
Dizer sim
Ao que em mim, só nega.
Quem sabe assim...
Consiga enfim,
Ser mais Feliz?

Wednesday, December 8, 2010

Raio de Sol

Raio de Sol

11/11/83

É noite.
No peito, o vazio.
No corpo, um gosto de frio
De um total abandono.
Silêncio...
Lá fora, um som distante.
Não há voz que me cante
Algo de sonoro e emocionante.
O que há com o relógio
Que não passa as horas?
O que houve com os carros
Que não cortam a rua?
O que houve
Que não pulso
Que não vibro
Que não me importo?
Olho pela vidraça
O céu ainda escuro.
Não há ninguém
Que transponha o muro,
Quebre o vidro,
Abra a cortina,
Dissipe a densa neblina
E me faça sentir a luz e o calor
De um primeiro raio de sol.