Essa Tal de Poesia

22/11/08
Vamos falar de poesia.
Mas, sobre qual delas?
Sobre a poesia diária, na qual se esbarra quando abrem se portas, olhos e ouvidos?
Aquela que vive nas cores, nos sabores e odores e que nos chega pelos sentidos físicos?
Ou, sobre aquela poesia que se cria, que se pensa?
Aquela que se concebe no ruidoso silêncio
, no digerir interno dos tais poetas?
Pouco importa qual seja, tanto faz a natureza, falemos dela.
Vamos discursar.
Nos valer da inspiração que enche de sentido e significado o cotidiano, as banalidades e barbaridades da essência humana.
Vamos abusar das tonalidades e pintar de tons berrantes o que se faz pálido.
Vamos moldar o que é volátil e etéreo.
Vamos dar forma ao que é sensação nos valendo das palavras.
Mas talvez elas não bastem, não sejam suficientes.
Por que esses seres... os tais poetas
Esses que buscam na expressão
a tradução do impalpável
Costumam ser insaciáveis.
Para esses loucos e insensatos...
Para essas almas delirantes...
Tudo se faz motivo e forma.
Tudo se faz razão e meio.
Tudo se faz maneira e via.
Tudo se faz em poesia.

Friday, June 25, 2010

Espaço em Branco

Espaço em Branco

01/12/08

Falta uma parte.
Uma peça caiu e se perdeu.
Foi chutada pelos pés que percorrem as ruas.
Passos apressados,
Rotas programadas pra lugar algum.
Agora,
Como montar essa imagem?
As cores não batem,
As formas não encaixam,
Nada se define.
Quem olha esses ser incompleto
Não pode imaginar o desespero e a agonia
De não se ter por inteiro.
A ausência de sentido,
A lacuna na existência,
O espaço em branco.

Tuesday, June 15, 2010

Quarenta

Quarenta

04/02/2010

Quando abri meus olhos, me deparei com um brilho inquietante.
Os sons eram altos, as imagens distorcidas.
E nos primeiros anos de vida,
Apenas o tato, o medo do mundo,
A vontade de colo.
Mas o tempo sem amarras,
Somou horas em meus dias,
Correu meses em meus anos.
E assim, num belo dia...
Os dez me chegaram.
Sopraram em meus cabelos a brisa leve da inocência.
Passaram rápido.  Se foram sorrindo...
Envoltos em fantasias e repletos de aventuras.
Os vinte, decididos,
Donos e senhores da verdade,
Tomaram logo o espaço.
Me imputaram decisões,
Me jogaram em mil paixões.
Tanta sede, tanta fome,
Tanta pressa e exigência,
Que se foram, aturdidos.
Os trinta, mais calmos,
Conscientes de suas certezas,
Entraram com elegância.
Arrumaram as cartas na mesa,
Ditaram algumas regras pro jogo,
Me deram rumo, marido e filho
E se foram, sem despedida.
Já na porta de saída,
Os quarenta me espreitavam.
Nem pediram por licença
Quando vi... Aqui estavam.
Não sei ainda o que me trazem.
Talvez os cinquenta me respondam.
Só sei que sinto em meus cabelos
A brisa morna da maturidade.
Trago agora um passo firme.
 Piso anos e cato horas com a consciência
De que apesar do tempo subtraído, me pedindo urgência..
Caminho atenta, serena...
E com muita paciência.