Essa Tal de Poesia

22/11/08
Vamos falar de poesia.
Mas, sobre qual delas?
Sobre a poesia diária, na qual se esbarra quando abrem se portas, olhos e ouvidos?
Aquela que vive nas cores, nos sabores e odores e que nos chega pelos sentidos físicos?
Ou, sobre aquela poesia que se cria, que se pensa?
Aquela que se concebe no ruidoso silêncio
, no digerir interno dos tais poetas?
Pouco importa qual seja, tanto faz a natureza, falemos dela.
Vamos discursar.
Nos valer da inspiração que enche de sentido e significado o cotidiano, as banalidades e barbaridades da essência humana.
Vamos abusar das tonalidades e pintar de tons berrantes o que se faz pálido.
Vamos moldar o que é volátil e etéreo.
Vamos dar forma ao que é sensação nos valendo das palavras.
Mas talvez elas não bastem, não sejam suficientes.
Por que esses seres... os tais poetas
Esses que buscam na expressão
a tradução do impalpável
Costumam ser insaciáveis.
Para esses loucos e insensatos...
Para essas almas delirantes...
Tudo se faz motivo e forma.
Tudo se faz razão e meio.
Tudo se faz maneira e via.
Tudo se faz em poesia.

Thursday, December 11, 2008

Anjo Caído


Anjo Caído

26/11/88


Inexpressiva e turva
É a máscara que me esconde.
Liberto em mim o que me é nefasto.
Afasto o tato.
Sou a saliva da lingua
Que mal diz os homens e suas vidas.
Não tenho vergonha
Dos pensamentos porcos que me rondam.
Presto meu tributo,
Me visto de luto
E passeio pelas festas da humanidade.
Tudo me é hilário.
Rio o riso solto
Dos insanos,
Dos desenganados.
E pouco me dano
Pro que pensam da minha loucura.
Por que razão temeria meu submundo,
Meu lado escuro
"O infecundo"?
Deus e o Diabo
Dançam comigo
A valsa mórbida de minha existência.
Não quero clemência.
Antes sim,
Ser condenada.
Não quero os céus.
Do universo,
Não quero nada.
Sou anjo que perdeu as asas.
Vivo serena a vida terrena:
Meu paraíso, inferno e purgatório.