Essa Tal de Poesia

22/11/08
Vamos falar de poesia.
Mas, sobre qual delas?
Sobre a poesia diária, na qual se esbarra quando abrem se portas, olhos e ouvidos?
Aquela que vive nas cores, nos sabores e odores e que nos chega pelos sentidos físicos?
Ou, sobre aquela poesia que se cria, que se pensa?
Aquela que se concebe no ruidoso silêncio
, no digerir interno dos tais poetas?
Pouco importa qual seja, tanto faz a natureza, falemos dela.
Vamos discursar.
Nos valer da inspiração que enche de sentido e significado o cotidiano, as banalidades e barbaridades da essência humana.
Vamos abusar das tonalidades e pintar de tons berrantes o que se faz pálido.
Vamos moldar o que é volátil e etéreo.
Vamos dar forma ao que é sensação nos valendo das palavras.
Mas talvez elas não bastem, não sejam suficientes.
Por que esses seres... os tais poetas
Esses que buscam na expressão
a tradução do impalpável
Costumam ser insaciáveis.
Para esses loucos e insensatos...
Para essas almas delirantes...
Tudo se faz motivo e forma.
Tudo se faz razão e meio.
Tudo se faz maneira e via.
Tudo se faz em poesia.

Wednesday, December 8, 2010

Raio de Sol

Raio de Sol

11/11/83

É noite.
No peito, o vazio.
No corpo, um gosto de frio
De um total abandono.
Silêncio...
Lá fora, um som distante.
Não há voz que me cante
Algo de sonoro e emocionante.
O que há com o relógio
Que não passa as horas?
O que houve com os carros
Que não cortam a rua?
O que houve
Que não pulso
Que não vibro
Que não me importo?
Olho pela vidraça
O céu ainda escuro.
Não há ninguém
Que transponha o muro,
Quebre o vidro,
Abra a cortina,
Dissipe a densa neblina
E me faça sentir a luz e o calor
De um primeiro raio de sol.

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