Essa Tal de Poesia

22/11/08
Vamos falar de poesia.
Mas, sobre qual delas?
Sobre a poesia diária, na qual se esbarra quando abrem se portas, olhos e ouvidos?
Aquela que vive nas cores, nos sabores e odores e que nos chega pelos sentidos físicos?
Ou, sobre aquela poesia que se cria, que se pensa?
Aquela que se concebe no ruidoso silêncio
, no digerir interno dos tais poetas?
Pouco importa qual seja, tanto faz a natureza, falemos dela.
Vamos discursar.
Nos valer da inspiração que enche de sentido e significado o cotidiano, as banalidades e barbaridades da essência humana.
Vamos abusar das tonalidades e pintar de tons berrantes o que se faz pálido.
Vamos moldar o que é volátil e etéreo.
Vamos dar forma ao que é sensação nos valendo das palavras.
Mas talvez elas não bastem, não sejam suficientes.
Por que esses seres... os tais poetas
Esses que buscam na expressão
a tradução do impalpável
Costumam ser insaciáveis.
Para esses loucos e insensatos...
Para essas almas delirantes...
Tudo se faz motivo e forma.
Tudo se faz razão e meio.
Tudo se faz maneira e via.
Tudo se faz em poesia.

Tuesday, February 16, 2010

Ave Rara

Ave Rara

15/05/81


Era um João sem eira nem beira,
Um beiral de estrada.
Um ponto escuro
No muro obscuro da vida.
Um ser sem metas,
Passos sem setas.
Coisa sem fundo,
Oco, absurdo.
E caminhava pé ante pé
Pro abismo, pra ralé.
Mas João olhou em volta,
Viu castelos, multidões.
Se reconheceu irmão de nações,
Se concientizou de todas ambições,
E se debandou pra luta.
Foi ferido, ultrajado.
Pois os homens do outro lado,
Eram donos e senhores
Do Mundo.
E João que nada tinha
Pra se armar de covardia
E lutar com mesma força,
Se extinguiu.
Qual Ave Rara,
No céu negro
Do poder.

No comments:

Post a Comment