Essa Tal de Poesia

22/11/08
Vamos falar de poesia.
Mas, sobre qual delas?
Sobre a poesia diária, na qual se esbarra quando abrem se portas, olhos e ouvidos?
Aquela que vive nas cores, nos sabores e odores e que nos chega pelos sentidos físicos?
Ou, sobre aquela poesia que se cria, que se pensa?
Aquela que se concebe no ruidoso silêncio
, no digerir interno dos tais poetas?
Pouco importa qual seja, tanto faz a natureza, falemos dela.
Vamos discursar.
Nos valer da inspiração que enche de sentido e significado o cotidiano, as banalidades e barbaridades da essência humana.
Vamos abusar das tonalidades e pintar de tons berrantes o que se faz pálido.
Vamos moldar o que é volátil e etéreo.
Vamos dar forma ao que é sensação nos valendo das palavras.
Mas talvez elas não bastem, não sejam suficientes.
Por que esses seres... os tais poetas
Esses que buscam na expressão
a tradução do impalpável
Costumam ser insaciáveis.
Para esses loucos e insensatos...
Para essas almas delirantes...
Tudo se faz motivo e forma.
Tudo se faz razão e meio.
Tudo se faz maneira e via.
Tudo se faz em poesia.

Wednesday, January 13, 2010

Torrente

Torrente

19/12/82

Chove lá fora.
E quem me dera que todas as gotas
Pudessem tirar de minha alma
Essa sujeira da vida
Essa poeira do mundo.
Purificassem meu espírito
E devolvessem ao meu ser
A leveza,
A pureza
A cristalidade.
Chove lá fora.
Um ritmo louco de varrer a terra.
Uma corrente contínua de diluir a tudo
Uma vaga certeza de um amanhã de sol.
Chove lá fora.
E a necessidade de chuva aumenta.
Uma vontade imensa de me sentir molhada,
Banhada de paz,
Refeita.
Os pingos cessam.
Escorre pelos bueiros da rua
Tudo o que a água conseguiu limpar.
Calçadas lavadas
Becos purificados
Liberados caminhos.
Porém,
Quantos  dilúvios,
Torrentes,
Mares e rios,
Para apagar das entranhas
Meus impuros passos
E os rastros
 Que hei de deixar?

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