Essa Tal de Poesia

22/11/08
Vamos falar de poesia.
Mas, sobre qual delas?
Sobre a poesia diária, na qual se esbarra quando abrem se portas, olhos e ouvidos?
Aquela que vive nas cores, nos sabores e odores e que nos chega pelos sentidos físicos?
Ou, sobre aquela poesia que se cria, que se pensa?
Aquela que se concebe no ruidoso silêncio
, no digerir interno dos tais poetas?
Pouco importa qual seja, tanto faz a natureza, falemos dela.
Vamos discursar.
Nos valer da inspiração que enche de sentido e significado o cotidiano, as banalidades e barbaridades da essência humana.
Vamos abusar das tonalidades e pintar de tons berrantes o que se faz pálido.
Vamos moldar o que é volátil e etéreo.
Vamos dar forma ao que é sensação nos valendo das palavras.
Mas talvez elas não bastem, não sejam suficientes.
Por que esses seres... os tais poetas
Esses que buscam na expressão
a tradução do impalpável
Costumam ser insaciáveis.
Para esses loucos e insensatos...
Para essas almas delirantes...
Tudo se faz motivo e forma.
Tudo se faz razão e meio.
Tudo se faz maneira e via.
Tudo se faz em poesia.

Tuesday, June 15, 2010

Quarenta

Quarenta

04/02/2010

Quando abri meus olhos, me deparei com um brilho inquietante.
Os sons eram altos, as imagens distorcidas.
E nos primeiros anos de vida,
Apenas o tato, o medo do mundo,
A vontade de colo.
Mas o tempo sem amarras,
Somou horas em meus dias,
Correu meses em meus anos.
E assim, num belo dia...
Os dez me chegaram.
Sopraram em meus cabelos a brisa leve da inocência.
Passaram rápido.  Se foram sorrindo...
Envoltos em fantasias e repletos de aventuras.
Os vinte, decididos,
Donos e senhores da verdade,
Tomaram logo o espaço.
Me imputaram decisões,
Me jogaram em mil paixões.
Tanta sede, tanta fome,
Tanta pressa e exigência,
Que se foram, aturdidos.
Os trinta, mais calmos,
Conscientes de suas certezas,
Entraram com elegância.
Arrumaram as cartas na mesa,
Ditaram algumas regras pro jogo,
Me deram rumo, marido e filho
E se foram, sem despedida.
Já na porta de saída,
Os quarenta me espreitavam.
Nem pediram por licença
Quando vi... Aqui estavam.
Não sei ainda o que me trazem.
Talvez os cinquenta me respondam.
Só sei que sinto em meus cabelos
A brisa morna da maturidade.
Trago agora um passo firme.
 Piso anos e cato horas com a consciência
De que apesar do tempo subtraído, me pedindo urgência..
Caminho atenta, serena...
E com muita paciência.

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